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quarta-feira, 21 de março de 2012

Do que precisamos de verdade?



A cena é mais comum do que se imagina: Um jovem candidato a uma vaga de emprego, com um currículo impecável (e invejável) está numa sala, com o agente de RH, e precisa apenas passar por uma pequena dinâmica. Acredita que a vaga será sua, afinal já avaliou todos os seus concorrentes, e se certificou que nenhum deles está à sua altura. Sua formação em uma grande e renomada universidade, todos os seus cursos de línguas (feitos desde que era criança), seus cursos e mais cursos de capacitação e aperfeiçoamento lha dão uma segurança única. Nada poderá detê-lo.
E então a dinâmica começa. Uma tarefa simples: Montar um pequeno quebra-cabeça. Tarefa irrisória, pensa ele...
O instrutor autoriza o início e nosso jovem começa buscar a solução desesperadamente. Não basta apenas concluir a tarefa. Antes de mais nada, ele deseja ser o primeiro a terminar, precisa mostrar que é rápido, que é eficiente, que é o melhor. Então se desliga a tudo à sua volta e se debruça sobre suas peças, tomando um cuidado especial para que ninguém veja o que está fazendo, afinal de contas, não quer facilitar as coisas pra ninguém.
Mas estranhamente, parece que as peças não se encaixam, e bate um nervosismo. Recomeça a montagem, separa as peças por encaixes, racionalmente, procura imagens parecidas. Nada...
Pouco tempo depois alguém anuncia que conseguiu montar. “Droga! Tudo, bem, não fui o primeiro, mas inda assim vou montar o meu. Vai que o de Fulano está errado.”
Alguém se oferece pra ajudar, mas o jovem educadamente recusa. Precisa mostrar pra empresa que pode resolver sozinho os problemas propostos a ele.
Depois de alguns minutos, o instrutor indica que o tempo se esgotou. O jovem se desespera. Como assim não conseguiu realizar uma tarefa tão simples? Olha ao redor e percebe que a maioria dos candidatos conseguiu solucionar o desafio. Apenas ele e outros dois candidatos não terminaram. Aí vem a surpresa.
O instrutor parabeniza aqueles que perceberam que nunca conseguiriam resolver o desafio sozinhos, e revela que as peças de todos os candidatos estavam misturadas. Apenas com cooperação, com a busca de auxílio, o quebra-cabeça poderia ser solucionado.
Frustrado, nosso jovem candidato é descartado e volta pra casa com o gosto amargo do fracasso. Onde ele errou? O que faltou em sua formação?
Faltou aquilo que é mais importante, aquilo que a cada dia se torna mais raro. Faltou humildade de reconhecer que sozinhos não somos nada.
Somos “treinados” a cada dia para sermos melhores, para sermos absolutos. Mas se esquecem de nos dizer que sempre precisamos de alguém do nosso lado. Se esquecem de nos dizer, e nós nos esquecemos de perceber, que não podemos ser nada sozinhos.
Falta na formação de nossos jovens o convívio humano. Falta às nossas crianças, tão tomadas por cursos de línguas, de natação, de ginástica e de tudo mais, tempo para simplesmente brincar. E brigar também. Porque é durante as brincadeiras e brigas da infância que aprendemos as coisas mais importantes da nossa vida. Aprendemos com as brincadeiras que regras existem e devem ser cumpridas. Aprendemos que se alguém não “brincar direito”, esse alguém vai atrapalhar a brincadeira de todo mundo. Aprendemos com as brigas que às vezes é melhor deixar pra lá e continuar brincando, mas que às vezes também é bom defender seu ponto de vista em relação a algo que se acredita, até que se consiga convencer o outro. É assim que aprendemos a resolver conflitos da melhor forma possível. Não há universidade ou curso de capacitação que tenha um método mais eficiente de ensinar isso.
Mas principalmente se aprende, quando se é criança, que estar só não tem graça, que nada faz sentido, que a “brincadeira” não funciona se você quiser jogar sozinho. Aprende-se que não há nada melhor do que vencer com seus amigos, mas que se não vencer, sempre se pode brincar de novo. E que dá pra brincar até com quem não é tão seu amigo, e a brincadeira continuará sendo legal.
A todos, meu Bom Dia!