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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma fábula sobre coxinhas

Era uma vez em um reino distante, um povo que adorava coxinhas. A coxinha era a melhor coisa do mundo, e todo mundo gostaria de ter coxinhas em casa. O governante sabia disso, e por isso sempre sabia onde encontrá-las. Mas o povo não. O povo sempre batalhava e trabalhava pra ter dinheiro pra comprar coxinhas. Só que nunca dava, porque existia no reino um imposto chamado ICSC – Imposto compulsório sobre coxinhas. Era um imposto engraçado, porque as pessoas pagavam um imposto para ter direito a ter coxinhas, mas não as tinham, e nunca sobrava dinheiro para comprá-las depois que pagavam o imposto. E o governante sempre prometia que haveria coxinhas pra todo mundo, mas nunca tinha. Engraçado, não é, porque com o valor que cada um pagava pelo ICSC daria pra comprar coxinhas durante o ano todo, mas parece que ninguém nunca tinha pensado muito nisso... Mas chegou um dia em que o povo começou a se questionar, se rebelar. E não é que essa rebeldia estava até rendendo frutos? Fizeram até hashtags no twitter pra xingar muito... Eis que do povo apareceu um homem que decidiu que queria ser o novo governante. Viu que a coisa não poderia continuar como estava e decidiu que queria mudar. Queria que as pessoas tivessem cumprido o direito de ter coxinhas quando quisessem. E prometeu que daria coxinhas a todo mundo se conseguisse chegar ao governo. Prometeu... O governante ficou preocupado, mas seus assessores o tranqüilizaram, afinal só eles sabiam onde encontrar coxinhas. Então bolaram um plano mirabolante. Faltando poucos dias para as “escolhas governamentais”, (que no nosso país se chamam eleições – mas estamos falando de outro reino, não é...) a turma do governante deu uma grande festa, com muita coxinha sendo distribuída para a população. Todo mundo se esbaldou de coxinha. Quem conseguiu até levou algumas pra casa. Não ia durar muito, todo mundo sabia, mas e daí? Todo mundo estava feliz porque conseguiu sua coxinha temporária. E não deu outra: o governante, junto com toda sua turma, continuou no poder. O povo festejava nas ruas. “Nosso governante é o melhor porque ele nos dá coxinha!” Passou o período de festa. Tudo voltou ao normal. Todo mundo continuou pagando o ICSC, ninguém mais tinha coxinha em casa, e a insatisfação geral começou de novo a aparecer. O governante está dormindo tranqüilo, afinal só haverá novas escolhas governamentais daqui a quatro anos. E ele sabe muito bem o que tem que fazer pra ganhar de novo... Se você se identificou com a fábula, PENSE antes de dar seu voto a quem promete “festas e coxinhas” a você. E seja um pouco mais feliz nos próximos quatro anos, tendo a consciência tranquila de que fez a sua parte.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Apenas um ponto de vista...

Antes de iniciar este texto, gostaria de fazer algumas ponderações. Não, não sou um comunista ferrenho, não tenho nenhuma simpatia por regimes autoritários, não sou a favor de qualquer tipo de trabalho forçado e nem defensor da China. Apenas acredito e luto por um país mais digno e igualitário, um país que seja realmente de TODOS. Dito isto, e certo de que você, caro leitor, não entendeu nada até agora, vamos ao texto. Domingo passado, curtindo o restinho de fim de semana com minha esposa e meus filhos, acabei meio que por acidente (sim, acidente mesmo, porque quase não assisto mais à televisão) assistindo a uma reportagem num programa que discutia “o rigoroso método de educação da China”. Mostraram alguns pontos que, de certa forma, contrariam alguns dos nossos costumes, afinal brasileiro não está acostumado a seguir regras nem depois de adulto, quem dirá quando criança. O que falar então de compromisso e pontualidade? O que dizer de crianças que fazem tudo que precisa ser feito sem que ninguém precise pedir? O que dizer de alunos que respeitam regras até quando não tem ninguém olhando? “Absurdo”! Tudo ia relativamente bem, ressalvados os pontos acima, quando me aparece a pérola da noite. Recrutaram-se algumas mães “celebridades” para opinar sobre educação de seus filhos e confrontar o método chinês. Mães que, fruto de seu trabalho, conseguem ter seus filhos em um patamar acima da média da realidade do povo brasileiro. Não vejo problema necessariamente no “ser celebridade”, tampouco no fato de serem pessoas que têm uma situação financeira superior à maioria da população, mas no fato de se pedir opinião a pessoas que não tem absolutamente nada a ver com o assunto. Não foi pedida a opinião de um professor, não foi pedida a opinião de quem realmente vive e presencia as mazelas de um sistema educacional falido como o nosso, e, se era pra pedir a opinião de uma mãe, porque não buscar uma mãe de aluno de escola pública, que tem que trabalhar e se virar pra viver enquanto seus filhos estão em escolas abandonadas à sorte e à boa vontade dos professores. Sim, porque a boa vontade dos professores é a única coisa que resta na educação deste país. E quando eu acreditei que já tinha visto de tudo, eis que me aparece uma enquete de votação popular (com SMS a R$0,33 + impostos), perguntando se “Você concorda com o método educacional chinês”... É sério isso? Que envergadura moral nós temos pra questionar um modelo educacional de outro país? Que direito temos de discordar com um modelo que, como dito anteriormente, contraria nossos (maus) costumes, mas que se mostra correto e vencedor? E a mais intrigante das perguntas, e a mais simplória de todas: Será que o gênio que “bolou” a enquete tem em mente que não faz a menor diferença se eu concordo ou não com o modelo chinês? Caramba!. Meus filhos são brasileiros! Eles estudam aqui! A China vem crescendo assustadoramente, engolido tudo à frente, contrariando até as mais sólidas regras do capitalismo mundial, e quem saca o mínimo de economia sabe exatamente do que eu estou falando. E todo seu sucesso só pode ser explicado pela educação. O país tem a maior evolução já registrada na ciências e os cientistas mais bem sucedidos do mundo. E ponto. Há quem diga: “Ah, mas a mão de obra é barata, o trabalho é escravo, blá, blá, blá...” Sério? Um trabalhador chinês trabalha muito sim (costume oriental), ganha pouco sim, mas nem tanto. O salário mínimo chinês, convertido em moeda internacional para comparação, perde muito pouco para o nosso. Mas agora vamos lá. O Chinês não paga imposto de renda como o nosso, não tem despesa médica (e tem saúde de qualidade sem pagar plano de saúde), não paga para ter uma educação de primeira linha, não tem gasto com moradia, não sustenta político corrupto, não trabalha 4 meses do ano para pagar impostos, não compra carro com preço extorsivo, ... Deixa pra lá... Qual é o povo que trabalha como escravo mesmo? Aí me aparece alguém pra dizer que na China há muita desigualdade social. Para esse indivíduo só me vem uma resposta em mente: dá uma voltinha nos arredores mais distantes da sua cidade e depois a gente volta a conversar. Acredito que está na hora do acordarmos. Está mais que na hora de fazer acontecer e deixar de aceitar certas coisas. E principalmente parar de acreditar em tudo o que nos é imposto. Que possamos nós mesmos ser senhores e senhoras de nossa história, que possamos construir nosso futuro em base sólida. E que possamos estar cientes que o “show da vida” de verdade depende das decisões de cada um de nós. Ele não vem embrulhado numa caixinha mágica na noite de domingo. Uma boa semana a todos!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Do que precisamos de verdade?



A cena é mais comum do que se imagina: Um jovem candidato a uma vaga de emprego, com um currículo impecável (e invejável) está numa sala, com o agente de RH, e precisa apenas passar por uma pequena dinâmica. Acredita que a vaga será sua, afinal já avaliou todos os seus concorrentes, e se certificou que nenhum deles está à sua altura. Sua formação em uma grande e renomada universidade, todos os seus cursos de línguas (feitos desde que era criança), seus cursos e mais cursos de capacitação e aperfeiçoamento lha dão uma segurança única. Nada poderá detê-lo.
E então a dinâmica começa. Uma tarefa simples: Montar um pequeno quebra-cabeça. Tarefa irrisória, pensa ele...
O instrutor autoriza o início e nosso jovem começa buscar a solução desesperadamente. Não basta apenas concluir a tarefa. Antes de mais nada, ele deseja ser o primeiro a terminar, precisa mostrar que é rápido, que é eficiente, que é o melhor. Então se desliga a tudo à sua volta e se debruça sobre suas peças, tomando um cuidado especial para que ninguém veja o que está fazendo, afinal de contas, não quer facilitar as coisas pra ninguém.
Mas estranhamente, parece que as peças não se encaixam, e bate um nervosismo. Recomeça a montagem, separa as peças por encaixes, racionalmente, procura imagens parecidas. Nada...
Pouco tempo depois alguém anuncia que conseguiu montar. “Droga! Tudo, bem, não fui o primeiro, mas inda assim vou montar o meu. Vai que o de Fulano está errado.”
Alguém se oferece pra ajudar, mas o jovem educadamente recusa. Precisa mostrar pra empresa que pode resolver sozinho os problemas propostos a ele.
Depois de alguns minutos, o instrutor indica que o tempo se esgotou. O jovem se desespera. Como assim não conseguiu realizar uma tarefa tão simples? Olha ao redor e percebe que a maioria dos candidatos conseguiu solucionar o desafio. Apenas ele e outros dois candidatos não terminaram. Aí vem a surpresa.
O instrutor parabeniza aqueles que perceberam que nunca conseguiriam resolver o desafio sozinhos, e revela que as peças de todos os candidatos estavam misturadas. Apenas com cooperação, com a busca de auxílio, o quebra-cabeça poderia ser solucionado.
Frustrado, nosso jovem candidato é descartado e volta pra casa com o gosto amargo do fracasso. Onde ele errou? O que faltou em sua formação?
Faltou aquilo que é mais importante, aquilo que a cada dia se torna mais raro. Faltou humildade de reconhecer que sozinhos não somos nada.
Somos “treinados” a cada dia para sermos melhores, para sermos absolutos. Mas se esquecem de nos dizer que sempre precisamos de alguém do nosso lado. Se esquecem de nos dizer, e nós nos esquecemos de perceber, que não podemos ser nada sozinhos.
Falta na formação de nossos jovens o convívio humano. Falta às nossas crianças, tão tomadas por cursos de línguas, de natação, de ginástica e de tudo mais, tempo para simplesmente brincar. E brigar também. Porque é durante as brincadeiras e brigas da infância que aprendemos as coisas mais importantes da nossa vida. Aprendemos com as brincadeiras que regras existem e devem ser cumpridas. Aprendemos que se alguém não “brincar direito”, esse alguém vai atrapalhar a brincadeira de todo mundo. Aprendemos com as brigas que às vezes é melhor deixar pra lá e continuar brincando, mas que às vezes também é bom defender seu ponto de vista em relação a algo que se acredita, até que se consiga convencer o outro. É assim que aprendemos a resolver conflitos da melhor forma possível. Não há universidade ou curso de capacitação que tenha um método mais eficiente de ensinar isso.
Mas principalmente se aprende, quando se é criança, que estar só não tem graça, que nada faz sentido, que a “brincadeira” não funciona se você quiser jogar sozinho. Aprende-se que não há nada melhor do que vencer com seus amigos, mas que se não vencer, sempre se pode brincar de novo. E que dá pra brincar até com quem não é tão seu amigo, e a brincadeira continuará sendo legal.
A todos, meu Bom Dia!