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terça-feira, 15 de maio de 2012
Apenas um ponto de vista...
Antes de iniciar este texto, gostaria de fazer algumas ponderações. Não, não sou um comunista ferrenho, não tenho nenhuma simpatia por regimes autoritários, não sou a favor de qualquer tipo de trabalho forçado e nem defensor da China. Apenas acredito e luto por um país mais digno e igualitário, um país que seja realmente de TODOS. Dito isto, e certo de que você, caro leitor, não entendeu nada até agora, vamos ao texto.
Domingo passado, curtindo o restinho de fim de semana com minha esposa e meus filhos, acabei meio que por acidente (sim, acidente mesmo, porque quase não assisto mais à televisão) assistindo a uma reportagem num programa que discutia “o rigoroso método de educação da China”.
Mostraram alguns pontos que, de certa forma, contrariam alguns dos nossos costumes, afinal brasileiro não está acostumado a seguir regras nem depois de adulto, quem dirá quando criança. O que falar então de compromisso e pontualidade? O que dizer de crianças que fazem tudo que precisa ser feito sem que ninguém precise pedir? O que dizer de alunos que respeitam regras até quando não tem ninguém olhando? “Absurdo”!
Tudo ia relativamente bem, ressalvados os pontos acima, quando me aparece a pérola da noite. Recrutaram-se algumas mães “celebridades” para opinar sobre educação de seus filhos e confrontar o método chinês. Mães que, fruto de seu trabalho, conseguem ter seus filhos em um patamar acima da média da realidade do povo brasileiro. Não vejo problema necessariamente no “ser celebridade”, tampouco no fato de serem pessoas que têm uma situação financeira superior à maioria da população, mas no fato de se pedir opinião a pessoas que não tem absolutamente nada a ver com o assunto. Não foi pedida a opinião de um professor, não foi pedida a opinião de quem realmente vive e presencia as mazelas de um sistema educacional falido como o nosso, e, se era pra pedir a opinião de uma mãe, porque não buscar uma mãe de aluno de escola pública, que tem que trabalhar e se virar pra viver enquanto seus filhos estão em escolas abandonadas à sorte e à boa vontade dos professores. Sim, porque a boa vontade dos professores é a única coisa que resta na educação deste país.
E quando eu acreditei que já tinha visto de tudo, eis que me aparece uma enquete de votação popular (com SMS a R$0,33 + impostos), perguntando se “Você concorda com o método educacional chinês”...
É sério isso? Que envergadura moral nós temos pra questionar um modelo educacional de outro país? Que direito temos de discordar com um modelo que, como dito anteriormente, contraria nossos (maus) costumes, mas que se mostra correto e vencedor? E a mais intrigante das perguntas, e a mais simplória de todas: Será que o gênio que “bolou” a enquete tem em mente que não faz a menor diferença se eu concordo ou não com o modelo chinês? Caramba!. Meus filhos são brasileiros! Eles estudam aqui!
A China vem crescendo assustadoramente, engolido tudo à frente, contrariando até as mais sólidas regras do capitalismo mundial, e quem saca o mínimo de economia sabe exatamente do que eu estou falando. E todo seu sucesso só pode ser explicado pela educação. O país tem a maior evolução já registrada na ciências e os cientistas mais bem sucedidos do mundo.
E ponto.
Há quem diga: “Ah, mas a mão de obra é barata, o trabalho é escravo, blá, blá, blá...”
Sério? Um trabalhador chinês trabalha muito sim (costume oriental), ganha pouco sim, mas nem tanto. O salário mínimo chinês, convertido em moeda internacional para comparação, perde muito pouco para o nosso. Mas agora vamos lá.
O Chinês não paga imposto de renda como o nosso, não tem despesa médica (e tem saúde de qualidade sem pagar plano de saúde), não paga para ter uma educação de primeira linha, não tem gasto com moradia, não sustenta político corrupto, não trabalha 4 meses do ano para pagar impostos, não compra carro com preço extorsivo, ... Deixa pra lá...
Qual é o povo que trabalha como escravo mesmo?
Aí me aparece alguém pra dizer que na China há muita desigualdade social. Para esse indivíduo só me vem uma resposta em mente: dá uma voltinha nos arredores mais distantes da sua cidade e depois a gente volta a conversar.
Acredito que está na hora do acordarmos. Está mais que na hora de fazer acontecer e deixar de aceitar certas coisas. E principalmente parar de acreditar em tudo o que nos é imposto. Que possamos nós mesmos ser senhores e senhoras de nossa história, que possamos construir nosso futuro em base sólida. E que possamos estar cientes que o “show da vida” de verdade depende das decisões de cada um de nós. Ele não vem embrulhado numa caixinha mágica na noite de domingo.
Uma boa semana a todos!
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