Com a criação e popularização da internet, uma ferramenta importantíssima na produção textual ficou em evidência: o uso dos hipertextos (links e hiperlinks, na linguagem da rede). Esses recursos permitem ao leitor escolher os rumos de sua leitura, através de atalhos que levam a assuntos relacionados ao tópico principal de seu interesse. A leitura de um hipertexto, por oferecer múltiplos caminhos e inferências, jamais será exatamente igual entre leitores, pois cada um terá sua própria trajetória, mas todos com um objetivo comum: resolver o problema ali apresentado.
Dessa forma, o leitor sai da posição de mero “espectador” do texto e assume o papel de co-autor, porque o texto nunca está finalizado. Você pode abrir várias vezes um mesmo texto e lê-lo sempre de forma diferente, buscando caminhos diferentes pelos links.
A compreensão de um hipertexto depende das inferências do leitor e para isso é necessário que saiba encontrar e destacar relevantemente o tópico principal e seus seqüenciadores. Para isso os links com função dêitica monitoram o leitor no sentido da seleção de focos de conteúdos para uma leitura mais aprofundada e para a resolução do problema em questão. Do ponto de vista da leitura, perceber o que é relevante vai depender, em muito, da habilidade do hiperleitor, não só de seguir as pistas que lhe são oferecidas, mas verificar o “problema/objetivo” e encontrar a sua solução. Assim, hiperlinks e nós, tematicamente interconectados, seremos os grandes operadores da continuidade de sentidos e da progressão referencial do hipertexto, desde que o hipernauta seja capaz de seguir, de forma coerente com o projeto e os objetivos da leitura, o percurso assim indicado.
Para ilustrar minha fala, relato de forma breve uma análise feita do site http://www.apolo11.com. Esse site, que tem como público alvo pessoas que gostam de astronomia, é produzido utilizando uma linguagem de fácil compreensão, e mesmo as pessoas que não são especialistas no estudo dos astros conseguem compreender bem as informações ali contidas. Organizado de forma a facilitar a localização de qualquer tema relacionado, o site permite, através de links na página inicial, que o internauta acompanhe o lançamento de foguetes, localize e visualize satélites e planetas, assista a vídeos explicativos e até que se comunique (com data e hora marcadas) com os astronautas residentes da International Space Shuttlle, a estação orbital internacional. E, através dos links, o leitor pode direcionar sua pesquisa para entender fenômenos, aprender sobre satélites, naves, planetas, constelações, aprender a utilizar telescópios (ou comprá-los, se achar mais conveniente). Ou seja, cada leitor construirá seu próprio texto, segundo sua necessidade ou curiosidade. Forma-se o que Bolter (1991) definiu como “um espaço aberto, sem margens e sem fronteiras”.
Aqui é o espaço pra você conhecer temas recentes, tirar suas dúvidas e compartilhar conhecimento.
Pesquisa Google
segunda-feira, 1 de junho de 2009
A utilização da internet e seus recursos como aliados no processo de ensino A aprendizagem mediada pelo computador
A internet tem se tornado, cada dia mais, uma grande ferramenta de pesquisa e fonte de informação e lazer para nossos jovens. É um espaço democrático. Não importa quem você é, qual sua classe social ou seu nível de formação intelectual. No espaço cibernético podemos ser quem ou o que quisermos. Mas toda a comodidade e facilidade que ela propõe tem um preço. Tão fácil como encontrar informações corretas e coerentes é encontrar informações erradas e superficiais. Aqui, novamente, se torna indispensável a presença de um orientador.
De maneira especial, em nossas escolas. Podemos e devemos direcionar o uso da internet e seus recursos para promover a construção do conhecimento dos nossos alunos. Temos, hoje, uma ferramenta com potencial inesgotável (e muitas vezes inexplorado em nossas escolas) para interagir com nossos estudantes e levá-los a “filtrar” aquilo que está na grande rede. E mesmo para complementar a prática tradicional de ensino. Podemos citar como exemplo a eterna luta para que os alunos produzam textos na escola ou se dediquem à leitura. Mas simplesmente ignoramos a quantidade de textos que esse mesmo aluno pode ler ou produzir num único dia, respondendo aos scraps de sua página em um site de relacionamento, conversando on line através de programas de mensagens instantâneas ou atualizando depoimentos em seus blogs. E quando ignoramos esses textos, jogamos fora uma grande oportunidade de promover um aprendizado de qualidade e, principalmente, que faça “sentido” na vida do estudante.
Nossos alunos não vão deixar de acessar a internet para ler Camões. Ao contrário, quando essa leitura for proposta, é mais provável que busquem pela internet um resumo da obra. E isso ilustra um mau uso da rede. Sem orientação adequada, nossos alunos vão continuar utilizando de forma inadequada o potencial da internet, vão continuar escrevendo mal em seus blogs, sites e mensagens, e, o pior, vão continuar trazendo para a escrita seus vícios de “internetês”.
Costumo dizer que um direcionamento correto do uso da internet é tão importante para o jovem como uma boa conversa sobre sexo. Com ou sem uma boa orientação, ele vai acabar aprendendo. E faz toda a diferença “com quem” ele vai aprender.
De maneira especial, em nossas escolas. Podemos e devemos direcionar o uso da internet e seus recursos para promover a construção do conhecimento dos nossos alunos. Temos, hoje, uma ferramenta com potencial inesgotável (e muitas vezes inexplorado em nossas escolas) para interagir com nossos estudantes e levá-los a “filtrar” aquilo que está na grande rede. E mesmo para complementar a prática tradicional de ensino. Podemos citar como exemplo a eterna luta para que os alunos produzam textos na escola ou se dediquem à leitura. Mas simplesmente ignoramos a quantidade de textos que esse mesmo aluno pode ler ou produzir num único dia, respondendo aos scraps de sua página em um site de relacionamento, conversando on line através de programas de mensagens instantâneas ou atualizando depoimentos em seus blogs. E quando ignoramos esses textos, jogamos fora uma grande oportunidade de promover um aprendizado de qualidade e, principalmente, que faça “sentido” na vida do estudante.
Nossos alunos não vão deixar de acessar a internet para ler Camões. Ao contrário, quando essa leitura for proposta, é mais provável que busquem pela internet um resumo da obra. E isso ilustra um mau uso da rede. Sem orientação adequada, nossos alunos vão continuar utilizando de forma inadequada o potencial da internet, vão continuar escrevendo mal em seus blogs, sites e mensagens, e, o pior, vão continuar trazendo para a escrita seus vícios de “internetês”.
Costumo dizer que um direcionamento correto do uso da internet é tão importante para o jovem como uma boa conversa sobre sexo. Com ou sem uma boa orientação, ele vai acabar aprendendo. E faz toda a diferença “com quem” ele vai aprender.
Minha escola já tem computador. Como usá-lo para melhorar a prática educacional? A análise de softwares educacionais
Se você faz parte do seleto grupo de professores que atuam em instituições que já possuem um laboratório de informática, parabéns. Você é um privilegiado. A má noticia é que cabe a você uma responsabilidade enorme. Como e o quê utilizar nessa ferramenta tão importante?
Opções de softwares ditos educacionais não faltam no mercado (e mesmo na internet). Mas a questão é: será que os softwares são adequados para a realidade de sua escola?
Sabemos que cada instituição de ensino tem suas próprias características, suas próprias necessidades. Um software não pode ser “universal” entre escolas de uma mesma rede. O problema é maior quando nem existem softwares educacionais instalados nas máquinas. Nesse caso, o computador vira um brinquedo, um passatempo dentro da escola, e perde completamente sua função educacional.
Fica claro, então, que a escolha dos softwares que serão utilizados deve passar pelo crivo das pessoas diretamente envolvidas no processo de ensino, ou seja, dos professores. No entanto, não basta reunir os professores de uma escola em uma sala e “votar” entre um programa A ou B, sem que se faça uma análise profunda de todos os recursos de cada programa e das opções disponíveis. Essa escolha deve ser feita, antes de mais nada, por pessoas que tenham domínio de informática.
Seria quase uma utopia falar sobre isso quando sabemos que a grande maioria dos professores mal sabe elaborar uma avaliação utilizando um editor de texto. Porém, a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um software só pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento pelo aluno (VALENTE,1993). Resumindo, a avaliação dos programas que serão utilizados nos computadores da escola não pode ser feita por pessoas que não conheçam as praticas pedagógicas, nem tampouco por pessoas que desconheçam o funcionamento da máquina e seus recursos. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que pedir a um psicólogo que avalie o funcionamento do motor de um carro, ou pedir a um mecânico de automóveis que avalie o funcionamento da mente humana.
Precisamos ter em mente que, além de ferramentas tecnológicas nas escolas, precisamos de pessoas preparadas para utilizá-las. Parafraseando o Prof. José Valente, da UNICAMP, devemos ter muito claro que o que é importante do ponto de vista pedagógico é como tirar proveito da tecnologia para atingirmos nossos objetivos. Isso é ser inteligente. Informatizar puramente o ensino é solução mercadológica, moderninha, paliativa e que só contribui para adiar as grandes mudanças que o atual sistema de ensino deve passar. E isso não é solução inteligente!
Opções de softwares ditos educacionais não faltam no mercado (e mesmo na internet). Mas a questão é: será que os softwares são adequados para a realidade de sua escola?
Sabemos que cada instituição de ensino tem suas próprias características, suas próprias necessidades. Um software não pode ser “universal” entre escolas de uma mesma rede. O problema é maior quando nem existem softwares educacionais instalados nas máquinas. Nesse caso, o computador vira um brinquedo, um passatempo dentro da escola, e perde completamente sua função educacional.
Fica claro, então, que a escolha dos softwares que serão utilizados deve passar pelo crivo das pessoas diretamente envolvidas no processo de ensino, ou seja, dos professores. No entanto, não basta reunir os professores de uma escola em uma sala e “votar” entre um programa A ou B, sem que se faça uma análise profunda de todos os recursos de cada programa e das opções disponíveis. Essa escolha deve ser feita, antes de mais nada, por pessoas que tenham domínio de informática.
Seria quase uma utopia falar sobre isso quando sabemos que a grande maioria dos professores mal sabe elaborar uma avaliação utilizando um editor de texto. Porém, a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um software só pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento pelo aluno (VALENTE,1993). Resumindo, a avaliação dos programas que serão utilizados nos computadores da escola não pode ser feita por pessoas que não conheçam as praticas pedagógicas, nem tampouco por pessoas que desconheçam o funcionamento da máquina e seus recursos. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que pedir a um psicólogo que avalie o funcionamento do motor de um carro, ou pedir a um mecânico de automóveis que avalie o funcionamento da mente humana.
Precisamos ter em mente que, além de ferramentas tecnológicas nas escolas, precisamos de pessoas preparadas para utilizá-las. Parafraseando o Prof. José Valente, da UNICAMP, devemos ter muito claro que o que é importante do ponto de vista pedagógico é como tirar proveito da tecnologia para atingirmos nossos objetivos. Isso é ser inteligente. Informatizar puramente o ensino é solução mercadológica, moderninha, paliativa e que só contribui para adiar as grandes mudanças que o atual sistema de ensino deve passar. E isso não é solução inteligente!
Novas tecnologias na escola: Qual é realmente a discussão?
Muito se tem falado, nos fóruns de debate de educação, entre os estudiosos e intelectuais, a importância da inclusão social nas nossas escolas, da conexão dessas escolas à internet banda larga, da criação de laboratórios de informática e da criação de espaços multimídia. Particularmente, e como professor de rede publica de ensino, acredito que a discussão deve ser outra: Como integrar novas tecnologias em escolas onde o uso de uma simples calculadora ainda é tabu?
Ainda hoje é comum ouvirmos pais questionando o sistema educacional quando se permite o uso de tão importante ferramenta, que livra o aluno de cálculos mecânicos e sem sentido. E o motivo desse questionamento é um erro que está sendo novamente cometido em se tratando dos computadores nas escolas. Discute-se SE devemos ou não utilizá-lo, enquanto deveríamos discutir COMO utilizá-lo como ferramenta em nossas aulas. Computadores, assim como calculadoras, são ferramentas presentes e largamente utilizadas cotidianamente, seja por alunos (fora do ambiente escolar) ou não. Não podemos fechar os olhos a essa realidade, e com isso, continuar fazendo da escola um espaço alheio à vida do estudante. De acordo com Marise Schmidt Veiga (2001), “como toda tecnologia, a introdução dos computadores na educação apresenta aspectos positivos e negativos. Para que uma instituição escolar introduza a informática, é preciso ter em primeiro lugar um plano pedagógico, onde serão discutidos os objetivos de sua utilização como ferramenta educativa e a escolha do software educativo que possa ser usado para ajudar a atingir mais fácil e eficientemente os objetivos educacionais, não deixando, portanto, que o computador se torne um brinquedo”.
Mas deve ficar claro também que a utilização, mesmo que bem planejada, do uso de novas tecnologias, não irá resolver todos os problemas da educação brasileira. De acordo com Souza, subestimar ou hipervalorizar as características do computador já é meio caminho andado para o fracasso do computador como auxiliar de ensino. (Souza, 1996). A discussão deve ser muito mais ampla. Comprar os mais modernos computadores e montar caríssimos laboratórios de informática sem antes passar por essa discussão é jogar dinheiro (e tempo) fora. O uso da informática em educação não significa a soma de informática e educação, mas a integração dessas duas áreas. Acreditar que o computador por si só revolucionará a educação é, como já tivemos oportunidade de ver no caso das calculadoras, uma falácia que só contribui para o atraso na implementação eficiente desse recurso no ensino. Na visão de Maria Helena Bonilla, “o computador tem chegado à escola, na maioria dos casos, sem o respaldo de uma proposta pedagógica gerada a partir de um estudo sistemático da comunidade escolar envolvida; a maioria dos projetos envolvendo Educação e Informática desenvolvidos pelas escolas são elaborados por grupos externos a elas, o que sujeita os poucos professores que se envolvem nesses projetos ao papel de meros discípulos”. É preciso que toda a comunidade escolar esteja envolvida nesse processo. Professores e diretores devem conhecer os objetivos e dominar as estratégias de ensino que serão utilizadas. Os pais devem ser informados sobre a real finalidade do uso de novas tecnologias, para que possam se tornar parceiros de uma nova educação, que realmente faça sentido para nossos jovens e crianças.
Ainda hoje é comum ouvirmos pais questionando o sistema educacional quando se permite o uso de tão importante ferramenta, que livra o aluno de cálculos mecânicos e sem sentido. E o motivo desse questionamento é um erro que está sendo novamente cometido em se tratando dos computadores nas escolas. Discute-se SE devemos ou não utilizá-lo, enquanto deveríamos discutir COMO utilizá-lo como ferramenta em nossas aulas. Computadores, assim como calculadoras, são ferramentas presentes e largamente utilizadas cotidianamente, seja por alunos (fora do ambiente escolar) ou não. Não podemos fechar os olhos a essa realidade, e com isso, continuar fazendo da escola um espaço alheio à vida do estudante. De acordo com Marise Schmidt Veiga (2001), “como toda tecnologia, a introdução dos computadores na educação apresenta aspectos positivos e negativos. Para que uma instituição escolar introduza a informática, é preciso ter em primeiro lugar um plano pedagógico, onde serão discutidos os objetivos de sua utilização como ferramenta educativa e a escolha do software educativo que possa ser usado para ajudar a atingir mais fácil e eficientemente os objetivos educacionais, não deixando, portanto, que o computador se torne um brinquedo”.
Mas deve ficar claro também que a utilização, mesmo que bem planejada, do uso de novas tecnologias, não irá resolver todos os problemas da educação brasileira. De acordo com Souza, subestimar ou hipervalorizar as características do computador já é meio caminho andado para o fracasso do computador como auxiliar de ensino. (Souza, 1996). A discussão deve ser muito mais ampla. Comprar os mais modernos computadores e montar caríssimos laboratórios de informática sem antes passar por essa discussão é jogar dinheiro (e tempo) fora. O uso da informática em educação não significa a soma de informática e educação, mas a integração dessas duas áreas. Acreditar que o computador por si só revolucionará a educação é, como já tivemos oportunidade de ver no caso das calculadoras, uma falácia que só contribui para o atraso na implementação eficiente desse recurso no ensino. Na visão de Maria Helena Bonilla, “o computador tem chegado à escola, na maioria dos casos, sem o respaldo de uma proposta pedagógica gerada a partir de um estudo sistemático da comunidade escolar envolvida; a maioria dos projetos envolvendo Educação e Informática desenvolvidos pelas escolas são elaborados por grupos externos a elas, o que sujeita os poucos professores que se envolvem nesses projetos ao papel de meros discípulos”. É preciso que toda a comunidade escolar esteja envolvida nesse processo. Professores e diretores devem conhecer os objetivos e dominar as estratégias de ensino que serão utilizadas. Os pais devem ser informados sobre a real finalidade do uso de novas tecnologias, para que possam se tornar parceiros de uma nova educação, que realmente faça sentido para nossos jovens e crianças.
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