Pesquisa Google

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Novas tecnologias na escola: Qual é realmente a discussão?

Muito se tem falado, nos fóruns de debate de educação, entre os estudiosos e intelectuais, a importância da inclusão social nas nossas escolas, da conexão dessas escolas à internet banda larga, da criação de laboratórios de informática e da criação de espaços multimídia. Particularmente, e como professor de rede publica de ensino, acredito que a discussão deve ser outra: Como integrar novas tecnologias em escolas onde o uso de uma simples calculadora ainda é tabu?
Ainda hoje é comum ouvirmos pais questionando o sistema educacional quando se permite o uso de tão importante ferramenta, que livra o aluno de cálculos mecânicos e sem sentido. E o motivo desse questionamento é um erro que está sendo novamente cometido em se tratando dos computadores nas escolas. Discute-se SE devemos ou não utilizá-lo, enquanto deveríamos discutir COMO utilizá-lo como ferramenta em nossas aulas. Computadores, assim como calculadoras, são ferramentas presentes e largamente utilizadas cotidianamente, seja por alunos (fora do ambiente escolar) ou não. Não podemos fechar os olhos a essa realidade, e com isso, continuar fazendo da escola um espaço alheio à vida do estudante. De acordo com Marise Schmidt Veiga (2001), “como toda tecnologia, a introdução dos computadores na educação apresenta aspectos positivos e negativos. Para que uma instituição escolar introduza a informática, é preciso ter em primeiro lugar um plano pedagógico, onde serão discutidos os objetivos de sua utilização como ferramenta educativa e a escolha do software educativo que possa ser usado para ajudar a atingir mais fácil e eficientemente os objetivos educacionais, não deixando, portanto, que o computador se torne um brinquedo”.
Mas deve ficar claro também que a utilização, mesmo que bem planejada, do uso de novas tecnologias, não irá resolver todos os problemas da educação brasileira. De acordo com Souza, subestimar ou hipervalorizar as características do computador já é meio caminho andado para o fracasso do computador como auxiliar de ensino. (Souza, 1996). A discussão deve ser muito mais ampla. Comprar os mais modernos computadores e montar caríssimos laboratórios de informática sem antes passar por essa discussão é jogar dinheiro (e tempo) fora. O uso da informática em educação não significa a soma de informática e educação, mas a integração dessas duas áreas. Acreditar que o computador por si só revolucionará a educação é, como já tivemos oportunidade de ver no caso das calculadoras, uma falácia que só contribui para o atraso na implementação eficiente desse recurso no ensino. Na visão de Maria Helena Bonilla, “o computador tem chegado à escola, na maioria dos casos, sem o respaldo de uma proposta pedagógica gerada a partir de um estudo sistemático da comunidade escolar envolvida; a maioria dos projetos envolvendo Educação e Informática desenvolvidos pelas escolas são elaborados por grupos externos a elas, o que sujeita os poucos professores que se envolvem nesses projetos ao papel de meros discípulos”. É preciso que toda a comunidade escolar esteja envolvida nesse processo. Professores e diretores devem conhecer os objetivos e dominar as estratégias de ensino que serão utilizadas. Os pais devem ser informados sobre a real finalidade do uso de novas tecnologias, para que possam se tornar parceiros de uma nova educação, que realmente faça sentido para nossos jovens e crianças.

Um comentário:

  1. Gosto dos questionamentos que você faz nos seus títulos. Eles despertam a curiosidade e a vontade de leitura. Acredito que a Educação realmente faria total sentido se tivéssemos mais professores iguais a você. Um abraço.

    ResponderExcluir