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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Minha escola já tem computador. Como usá-lo para melhorar a prática educacional? A análise de softwares educacionais

Se você faz parte do seleto grupo de professores que atuam em instituições que já possuem um laboratório de informática, parabéns. Você é um privilegiado. A má noticia é que cabe a você uma responsabilidade enorme. Como e o quê utilizar nessa ferramenta tão importante?
Opções de softwares ditos educacionais não faltam no mercado (e mesmo na internet). Mas a questão é: será que os softwares são adequados para a realidade de sua escola?
Sabemos que cada instituição de ensino tem suas próprias características, suas próprias necessidades. Um software não pode ser “universal” entre escolas de uma mesma rede. O problema é maior quando nem existem softwares educacionais instalados nas máquinas. Nesse caso, o computador vira um brinquedo, um passatempo dentro da escola, e perde completamente sua função educacional.
Fica claro, então, que a escolha dos softwares que serão utilizados deve passar pelo crivo das pessoas diretamente envolvidas no processo de ensino, ou seja, dos professores. No entanto, não basta reunir os professores de uma escola em uma sala e “votar” entre um programa A ou B, sem que se faça uma análise profunda de todos os recursos de cada programa e das opções disponíveis. Essa escolha deve ser feita, antes de mais nada, por pessoas que tenham domínio de informática.
Seria quase uma utopia falar sobre isso quando sabemos que a grande maioria dos professores mal sabe elaborar uma avaliação utilizando um editor de texto. Porém, a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um software só pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento pelo aluno (VALENTE,1993). Resumindo, a avaliação dos programas que serão utilizados nos computadores da escola não pode ser feita por pessoas que não conheçam as praticas pedagógicas, nem tampouco por pessoas que desconheçam o funcionamento da máquina e seus recursos. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que pedir a um psicólogo que avalie o funcionamento do motor de um carro, ou pedir a um mecânico de automóveis que avalie o funcionamento da mente humana.
Precisamos ter em mente que, além de ferramentas tecnológicas nas escolas, precisamos de pessoas preparadas para utilizá-las. Parafraseando o Prof. José Valente, da UNICAMP, devemos ter muito claro que o que é importante do ponto de vista pedagógico é como tirar proveito da tecnologia para atingirmos nossos objetivos. Isso é ser inteligente. Informatizar puramente o ensino é solução mercadológica, moderninha, paliativa e que só contribui para adiar as grandes mudanças que o atual sistema de ensino deve passar. E isso não é solução inteligente!

Um comentário:

  1. Mais um vez a estratégia da comparação professores/pedagogos X mecânico/psicólogo fez o desenvolvimento do seu texto muito bom. Paráfrases e citações também enriqueceram-no. PARABÉNS.

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