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segunda-feira, 1 de junho de 2009

O hipertexto – fim da fronteira entre o autor e o leitor

Com a criação e popularização da internet, uma ferramenta importantíssima na produção textual ficou em evidência: o uso dos hipertextos (links e hiperlinks, na linguagem da rede). Esses recursos permitem ao leitor escolher os rumos de sua leitura, através de atalhos que levam a assuntos relacionados ao tópico principal de seu interesse. A leitura de um hipertexto, por oferecer múltiplos caminhos e inferências, jamais será exatamente igual entre leitores, pois cada um terá sua própria trajetória, mas todos com um objetivo comum: resolver o problema ali apresentado.
Dessa forma, o leitor sai da posição de mero “espectador” do texto e assume o papel de co-autor, porque o texto nunca está finalizado. Você pode abrir várias vezes um mesmo texto e lê-lo sempre de forma diferente, buscando caminhos diferentes pelos links.
A compreensão de um hipertexto depende das inferências do leitor e para isso é necessário que saiba encontrar e destacar relevantemente o tópico principal e seus seqüenciadores. Para isso os links com função dêitica monitoram o leitor no sentido da seleção de focos de conteúdos para uma leitura mais aprofundada e para a resolução do problema em questão. Do ponto de vista da leitura, perceber o que é relevante vai depender, em muito, da habilidade do hiperleitor, não só de seguir as pistas que lhe são oferecidas, mas verificar o “problema/objetivo” e encontrar a sua solução. Assim, hiperlinks e nós, tematicamente interconectados, seremos os grandes operadores da continuidade de sentidos e da progressão referencial do hipertexto, desde que o hipernauta seja capaz de seguir, de forma coerente com o projeto e os objetivos da leitura, o percurso assim indicado.
Para ilustrar minha fala, relato de forma breve uma análise feita do site http://www.apolo11.com. Esse site, que tem como público alvo pessoas que gostam de astronomia, é produzido utilizando uma linguagem de fácil compreensão, e mesmo as pessoas que não são especialistas no estudo dos astros conseguem compreender bem as informações ali contidas. Organizado de forma a facilitar a localização de qualquer tema relacionado, o site permite, através de links na página inicial, que o internauta acompanhe o lançamento de foguetes, localize e visualize satélites e planetas, assista a vídeos explicativos e até que se comunique (com data e hora marcadas) com os astronautas residentes da International Space Shuttlle, a estação orbital internacional. E, através dos links, o leitor pode direcionar sua pesquisa para entender fenômenos, aprender sobre satélites, naves, planetas, constelações, aprender a utilizar telescópios (ou comprá-los, se achar mais conveniente). Ou seja, cada leitor construirá seu próprio texto, segundo sua necessidade ou curiosidade. Forma-se o que Bolter (1991) definiu como “um espaço aberto, sem margens e sem fronteiras”.

Um comentário:

  1. Seu texto está ótimo. Adorei a introdução dada. Foi pena que faltou inserir hiperlinks. Um abraço.

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